sábado, 22 de dezembro de 2007

Caril et al.

Cá estamos do outro lado do calendário e livres da época da festança, finalmente.
Apesar dos excessos, a balança mexeu-se pouco, mais um quilo, no máximo. O frio que se fazia sentir no Algarve e os passeios a pé terão ajudado a queimar as calorias vazias. Escrevo-vos enquanto cozinho um caril de camarão (com molho branco, e sem leite de coco, que me perdoem os ortodoxos do caril), acompanhado de arroz integral. Excepcionalmente, hidratos à noite, mas só uma vez sem exemplo, sem contar com que se trata de hidratos de qualidade.
:-))

Foi Natal.

O Natal lá passou, graças a Deus. Sou pouco ou nada nataleira, embora faça um esforço, para não destoar demasiado dos que me são próximos e se entusiasmam com os embrulhos e com o folclore da época (a que eles chamam espírito da época).
Os estragos, esses sim, é que se arriscam a durar mais do que a festa em si. Ainda que não goste de doces tradicionais como filhós ou sonhos (nem os provei), resisti menos bem à profusão indecorosa de Ferreros e musses que assolou as mesas natalícias por onde passei... Acho que nem me excedi especialmente, mas a balança ressentiu-se logo.
Sigo para Sul, a ver se ao menos os passeios à beira-mar me salvam de mim mesma. Façam o favor de ter um bom ano de 2008!

À minha meia dúzia de leitores...


"Muitas vezes o engordar pode representar um objeto de amor, equivalente ao seio materno; e a compulsão ao comer, por sua vez, 'pode estar relacionada com a ausência, a perda ou a vivência de destruição desse objeto materno, utilizando-se uma técnica regressiva oral para garantir sua incorporação'".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A nutricionista recomendada e que se recomenda.

Não, querida Su, mas obrigada! É que tenho pavor de cirurgias, além de que creio ainda não ter esgotado todas as minhas cartadas. Em compensação, estou a gostar muito da psicoterapia, mas sobre isso falaremos quando eu estiver com mais tempo do que hoje.

A consulta com a nutricionista recomendada foi muito interessante. Demorou três horas, em que eu falei bem menos do que ouvi. Pensava que sabia muito sobre nutrição, e acabei por perceber que sabia menos do que supunha. Ela insistiu, por exemplo, para que fizesse uma série de análises, porque acredita que o meu sistema hormonal está todo destrambelhado (como dizemos a Sul), no que, a avaliar pelos sintomas que me têm acometido ultimamente (o aumento de peso é um deles), terá toda a razão. Foi, aliás, a primeira e única pessoa a dizer-me que era muito natural que eu tivesse engordado com a frequência do ginásio (o que era, para mim, uma evidência incompreensível, ainda que toda a gente tivesse tendência a negá-la). Explicou-me, então, que todos devem fazer exercício se pretendem emagrecer, excepto quem tem determinado tipo de problemas hormonais, como acredita que eu tenho. No máximo, disse, que faça caminhadas (como tenho o carro avariado, tenho aproveitado para aproveitar…). E mais: sem me fazer qualquer restrição de quantidade, impôs-me, isso sim, restrições combinatórias, como a proibição de misturar amidosos e fibrosos na mesma refeição. Ensinou-me, ainda, coisas de que eu não suspeitaria. Por exemplo, a cenoura crua é fibrosa mas, quando cozida, passa a ser amidosa, pelo que não deve entrar numa sopa com fibrosos (a maior parte das hortaliças). Pois, esta é a parte teoricamente mais complicada, e que ainda estou longe de dominar!... Hidratos amidosos como pão, só até ao meio do meu dia (quatro da tarde), de preferência integral e torrado (para lhe reduzir a amidose), melhor ainda se for de manhã. Mandou-me também assar maçãs com canela e algum açúcar amarelo e comer à vontade quando sentisse falta de açúcar. E mais coisas que para ali tenho escritas num papel que ainda não tive tempo para ler. De qualquer modo, suponho que cada caso seja um caso. Last but not least, tem um ar frontal e despachado, vagamente intimidatório (ainda que seja muito atenciosa), enfim, um verdadeiro superego, o que ajuda a que eu me sinta coagida a cumprir as "ordens" que me dá. Gostei dela.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Teste para aferir o grau de compulsão alimentar.

(Generosamente partilhado pela Su.)
Escala de Compulsão Alimentar Periódica
(B E S - BINGE EATING SCALE)


Autores: GORMALLY, J; BLACK, S.; DASTON, s. & RARDIN, D. (1982).
Tradutores: APPOLINÁRIO, J. C.; FREITAS, S. R. & COUTINHO, W, (2000)


Instruções:
Você encontrará abaixo grupos de afirmações numeradas. Leia todas as afirmações em cada grupo e marque nesta folha aquela que melhor descreve o modo como você se sente em relação aos problemas que tem para controlar seu comportamento alimentar.

# 1
( ) 1. Eu não me sinto constrangido(a) com o meu peso ou o tamanho do meu corpo quando estou com outras pessoas.
( ) 2. Eu me sinto preocupado(a) sobre como pareço para os outros, mas isto, normalmente, não me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 3. Eu fico mesmo constrangido(a) com a minha aparência e o meu peso, o que me faz
sentir desapontado(a) comigo mesmo(a).
( ) 4. Eu me sinto muito constrangido(a) com o meu peso e freqüentemente sinto muita
vergonha e desprezo por mim mesmo(a). Tento evitar contatos sociais por causa
desse constrangimento.

# 2
( ) 1. Eu não tenho nenhuma dificuldade para comer devagar, de maneira apropriada.
( ) 2. Embora pareça que eu devore os alimentos, não acabo me sentindo empanturrado(a) por comer demais.
( ) 3. Às vezes, tendo a comer rapidamente, sentindo-me então desconfortavelmente cheio(a) depois.
( ) 4. Eu tenho o hábito de engolir minha comida sem realmente mastigá-la. Quando isto
acontece, em geral me sinto desconfortavelmente empanturrado(a)por ter comido demais.

#3
( ) 1. Eu me sinto capaz de controlar meus impulsos para comer, quando eu quero.
( ) 2. Eu sinto que tenho falhado em controlar meu comportamento alimentar, mais do que a média das pessoas.
( ) 3. Eu me sinto totalmente incapaz de controlar meus impulsos para comer.
( ) 4. Por me sentir tão incapaz de controlar meu comportamento alimentar, entro em
desespero tentando manter o controle.

# 4
( ) 1. Eu não tenho o hábito de comer quando estou chateado(a).
( ) 2. Às vezes eu como quando estou chateado(a), mas, freqüentemente, sou capaz de me ocupar e afastar minha mente da comida.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer quando estou chateado(a), mas, de vez em quando posso usar alguma outra atividade para afastar minha mente da comida.
( ) 4. Eu tenho o forte hábito de comer quando estou chateado(a). Nada parece me ajudar a parar com este hábito.

# 5
( ) 1. Normalmente quando como alguma coisa é porque estou fisicamente com fome.
( ) 2. De vez em quando como alguma coisa por impulso, mesmo quando não estou realmente com fome.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer alimentos que realmente não aprecio para satisfazer uma sensação de fome, mesmo que fisicamente eu não necessite de comida.
( ) 4. Mesmo que não esteja fisicamente com fome, eu tenho uma sensação de fome em minha boca que somente parece ser satisfeita quando eu como um alimento, tipo um sanduíche, que enche a minha boca. Às vezes quando eu como o alimento para satisfazer minha "fome na boca", em seguida eu o cuspo, assim não ganharei peso.

# 6
( ) 1. Eu não sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 2. De vez em quando sinto culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.
( ) 3. Quase o tempo todo sinto muita culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais.

# 7
( ) 1. Eu não perco o controle total da minha alimentação quando estou em dieta, mesmo após períodos em que como demais.
( ) 2. Às vezes quando estou em dieta e como um alimento proibido, sinto como se tivesse estragado tudo e como ainda mais.
( ) 3. Freqüentemente, quando como demais durante uma dieta , tenho o hábito de dizer para mim mesmo(a): "agora que estraguei tudo, porque não ir até o fim". Quando isto acontece, eu como ainda mais.
( ) 4. Eu tenho o hábito regular de começar dietas rigorosas por mim mesmo, mas quebro as dietas entrando numa compulsão alimentar. Minha vida parece ser ou "uma festa " ou "um morrer de fome".


# 8
( ) 1. Eu raramente como tanta comida a ponto de me sentir desconfortavelmente empanturrado(a) depois.
( ) 2. Normalmente, cerca de uma vez por mês, eu como uma tal quantidade de comida que acabo me sentindo muito empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho períodos regulares durante o mês, quando como grandes quantidades de
comida, seja na hora das refeições, seja nos lanches.
( ) 4. Eu como tanta comida que, regularmente, me sinto bastante desconfortável depois de comer e, algumas vezes, um pouco enjoado(a).

# 9
( ) 1. Em geral, minha ingesta calórica não sobe a níveis muito altos, nem desce a níveis
muito baixos.
( ) 2. Às vezes, depois de comer demais, tento reduzir minha ingesta calórica para quase nada, para compensar o excesso de calorias que ingeri.
( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer demais durante a noite. Parece que a minha rotina não é estar com fome de manhã, mas comer demais à noite.
( ) 4. Na minha vida adulta tenho tido períodos, que duram semanas, nos quais praticamente me mato de fome. Isto se segue a períodos em que como demais. Parece que eu vivo uma vida ou de "festa" ou de "morrer de fome".

#10
( ) 1. Normalmente eu sou capaz de parar de comer quando eu quero. Eu sei quando "já chega".
( ) 2. De vez em quando, eu tenho uma compulsão para comer que parece que eu não posso controlar.
( ) 3. Freqüentemente tenho fortes impulsos para comer que parece que não sou capaz de controlar, mas, em outras ocasiões eu posso controlar meus impulsos para comer.
( ) 4. Eu me sinto incapaz de controlar impulsos para comer. Eu tenho medo de não ser capaz de parar de comer por vontade própria.

#11
( ) 1. Eu não tenho problema algum para parar de comer quando me sinto cheio(a).
( ) 2. Eu normalmente posso parar de comer quando me sinto cheio(a) mas, de vez em quando, comer demais me deixa desconfortavelmente empanturrado(a).
( ) 3. Eu tenho um problema para parar de comer uma vez que eu tenha começado e, normalmente, sinto-me desconfortavelmente empanturrado(a) depois que faço uma refeição.
( ) 4. Por eu ter o problema de não ser capaz de parar de comer quando quero, às vezes tenho que provocar o vômito, usar laxativos e/ou diuréticos para aliviar minha sensação de empanturramento.

#12
( ) 1. Parece que eu como tanto quando eu estou com os outros (reuniões familiares, sociais) como quando estou sozinho(a).
( ) 2. Às vezes, quando eu estou com outras pessoas, não como tanto quanto eu quero comer porque eu me sinto constrangido(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 3. Freqüentemente eu como só uma pequena quantidade de comida quando outros estão presentes, pois eu me sinto muito embaraçado(a) com o meu comportamento alimentar.
( ) 4. Eu me sinto tão envergonhado(a) por comer demais que escolho horas para comer demais quando sei que ninguém me verá. Eu me sinto como uma pessoa que se esconde para comer.

#13
( ) 1. Eu faço três refeições ao dia com apenas um lanche ocasional entre as refeições.
( ) 2. Eu faço três refeições ao dia, mas, normalmente, também lancho entre as refeições.
( ) 3. Quando eu faço lanches pesados, tenho o hábito de pular as refeições regulares.
( ) 4. Há períodos regulares em que parece que eu estou continuamente comendo, sem refeições planejadas.

#14
( ) 1. Eu não penso muito em tentar controlar impulsos indesejáveis para comer.
( ) 2. Pelo menos, em algum momento, sinto que meus pensamentos estão "pré-ocupados" com tentar controlar meus impulsos para comer.
( ) 3. Freqüentemente, sinto que gasto muito tempo pensando no quanto comi ou tentando não comer mais.
( ) 4. Parece, para mim, que a maior parte das horas em que passo acordado(a) estão "pré-ocupadas" por pensamentos sobre comer ou não comer. Sinto como se eu estivesse constantemente lutando para não comer.

#15
( ) 1. Eu não penso muito sobre comida.
( ) 2. Eu tenho fortes desejos por comida mas eles só duram curtos períodos de tempo.
( ) 3. Há dias em que parece que eu não posso pensar em mais nada a não ser comida.
( ) 4. Na maioria dos dias meus pensamentos parecem estar "pré-ocupados" com comida. Sinto como se eu vivesse para comer.

#16
( ) 1. Eu normalmente sei se estou ou não fisicamente com fome. Eu como a porção certa de comida para me satisfazer.
( ) 2. De vez em quando eu me sinto em dúvida para saber se estou ou não fisicamente com fome. Nestas ocasiões é difícil saber quanto eu deveria comer para me satisfazer.
( ) 3. Mesmo que eu pudesse saber quantas calorias eu deveria ingerir, não tenho idéia alguma de qual seria a quantidade "normal" de comida para mim.


Grelha de Pontuação

1 – 1=0; 2=0; 3=1; 4=3

2 – 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

3 – 1=0; 2=1; 3=2; 4=3
.
4 – 1=0; 2=0; 3=0; 4=2

5 – 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

6 – 1=0; 2=2; 3=3

7 – 1=0; 2=2; 3=3; 4=3

8 – 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

9 – 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

10 - 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

11 - 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

12 - 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

13 - 1=0; 2=0; 3=2; 4=3

14 - 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

15 - 1=0; 2=1; 3=2; 4=3

16 - 1=0; 2=1; 3=2

Cada resposta marcada corresponde a uma determinada pontuação, conforme a lista acima.

Por exemplo: Se você escolheu a opção 3 na pergunta 8, deverá somar 2 pontos.

No final, deve-se somar a pontuação obtida com as respostas e avaliar o resultado de acordo com o total obtido.

Resultados

Menor ou igual a 17 – Provavelmente você não tem compulsão alimentar ou a tem com intensidade leve. As pessoas sem compulsão geralmente sentem-se capazes de controlar os impulsos alimentares e comem mais pelo prazer do que pela falta de controle. Reavalie seus hábitos alimentares e procure planejar melhor o horário, qualidade e quantidade das refeições.

Entre 18 e 26 – Você provavelmente é um comedor compulsivo de moderada intensidade. Comedores Compulsivos moderados relatam mais episódios esporádicos de perda de controle, mas são freqüentemente capazes de controlar os ataques de comer. São geralmente mais tolerantes com os exageros que cometem e não se sentem tão culpados. De qualquer maneira, são necessários a avaliação e o acompanhamento por parte de um nutricionista, um endocrinologista e até mesmo um psiquiatra.

Maior ou igual a 27 pontos – Você provavelmente sofre de Compulsão Alimentar Grave. Os comedores compulsivos graves costumam ter alterações importantes do comportamento alimentar e seu humor é mais instável que o dos obesos sem compulsão (sofrem de depressão, ansiedade, etc). Sentem extrema culpa e raiva após o episódio devido ao terrível sentimento de perda de controle durante o "ataque de comer". São os que tentam as dietas mais restritivas e os que mais se preocupam em controlar a alimentação, o que freqüentemente desencadeia um episódio de compulsão. Geralmente têm grandes dificuldades na adesão ao tratamento, abandonando-o freqüentemente. O tratamento, apesar de difícil, deve ser realizado por um especialista ou equipe com vários profissionais. Diversos medicamentos já foram aprovados para o tratamento de pacientes com Compulsão Alimentar, porém todos necessitam de acompanhamento médico permanente.

Como controlar a compulsão alimentar?
O melhor é sempre prevenir. Já discutimos alguns fatores que podem levar à compulsão alimentar. As dietas para emagrecer parecem ser um dos principais desencadeantes. Recomendamos sempre um plano de reeducação alimentar em vez das dietas muito restritivas. Fazer várias refeições por dia e sempre comer carboidratos pode evitar uma queda de serotonina, conforme explicamos antes.
Algumas pesquisas científicas já demonstraram que a prática de atividades físicas regulares também pode ajudar muito no controle da compulsão alimentar, além de todos os benefícios que trazem para a saúde.
Para aquelas pessoas que não conseguem controlar sua compulsão através de um planejamento alimentar associado à prática de atividades físicas, pode ser necessário o uso de remédios. Os mais úteis nestas situações são os que agem através da serotonina, principalmente a fluoxetina, a sibutramina e a sertralina. Nunca devem ser usados, entretanto, sem a prescrição e o acompanhamento de um médico.
Finalmente, para os casos mais graves de obesidade mórbida associada a uma compulsão alimentar incontrolável, que não melhora nem com remédios, existe o recurso da cirurgia bariátrica. Uma pesquisa realizada na Itália demonstrou uma nítida melhora da compulsão alimentar em pacientes deste tipo operados pela técnica de Scopinaro (ver fascículo 7).

A nossa culpa e a culpa deles.

Vou para Sul, visitar os meus pais. Desta vez, levo uma ansiedade acrescida: como engordei uns quilos desde a última vez que vi a minha mãe, no início de Outubro, já sei que virão as recriminações, num tom que se esforçará por ser comedido (o que ainda irrita mais), "Vê lá, devias fazer dieta". Esta ideia simplista que os "estranhos" têm de que os gordos "deviam fazer dieta" é quase uma ofensa, ainda que involuntária. Creio que nem lhes ocorre que não se trata de uma escolha linear entre fazer ou não fazer - como se escolhe ir ao café A ou B depois de almoço. A nossa dificuldade passa-lhes ao lado. Tudo isto, claro, contribui para aumentar a nossa já não despicienda culpabilização em relação ao nosso peso. Anseio pelo dia em que me perguntem: "Por que não consegues fazer dieta?" Ainda que saiba que desatarei a chorar no momento seguinte.
Na segunda-feira vou passar a jogar em mais uma frente: irei, pela primeira vez (já que, de Santa Maria, nada, por falta de técnicos!), consultar uma nutricionista. Não se trata de nenhuma NaturHouse (onde cheguei a ir uma vez ou duas, para ser recebida por uma rapariguinha que falava num tom automático e me tentou encharcar de cápsulas de papaia e mais não sei o quê - andam aí para casa uns restos), ainda que também se façam consultas de controlo semanal (a concorrência obriga). Preciso de um interlocutor que eu possa respeitar, que olhe para mim de um modo holístico e não apenas como um número num mostrador de balança. E esse não seria certamente o caso da rapariga da NaturHouse. Bom, esta nutricionista, que trabalha num centro de medicinas naturais em Odivelas, foi-me recomendada por uma médica que é, ele mesma, sua paciente. Será, pelo menos, uma boa perspectiva.

Fazendo o seu caminho.


Mecanismos de defesa.

E se o acto de comer (compulsivamente), enquanto mecanismo de compensação, pudesse ser considerado como um acto de (auto)defesa, por parte de quem, por alguma razão, se sente vulnerável?

On.

Estou cheia de trabalho e de trabalhos, o que também me tem impedido de passar por cá. Ainda por cima, uma gripe das antigas atirou-me para fora de circuito durante quase uma semana. Obrigada a todas pelas palavras com que me vão iluminando, aqui ou no e-mail.

O trabalho com a psicoterapeuta continua. Já choro agora menos, ao mesmo tempo que procuro racionalizar mais. Na última consulta, aflorámos a questão da minha vulnerabilidade emocional, hipersensibilidade, da dificuldade que tenho em defender-me. Curiosamente, sempre pensei que a gordura haveria de algum modo de funcionar em mim como uma forma de autoprotecção (tal como os ursos ou as focas se defendem, através da gordura, de um meio [climaticamente] hostil…). Ainda não abordámos directamente a questão da compulsão alimentar… Suponho que ela ande comigo “às voltas”, a ver se dá com os vazios que me sobram para encher (com comida). Como bem sabemos, os caminhos mais rápidos nem sempre são os mais curtos.

Coincidentemente ou não, tenho sentido menor necessidade de comer (nesta última semana, a gripe também tem ajudado). Consigo parar mais vezes para pensar(?) e dizer a mim mesma: “Ouve lá, mas por que raio é que tens de ceder à compulsão de comer?! Podes optar por resistir, ou não te tinha ocorrido que também tens uma palavra a dizer neste assunto?” A ver se a balança me recompensa.

Soube por portas e travessas que a consulta de Transtornos Alimentares (ou nome que o valha) do Hospital de Santa Maria está fechada a novas admissões desde a Primavera por falta de… profissionais. Ah, grande Sócrates!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Anda a apetecer-me descruzar palavras.


A desconstrução.

A psicoterapia tem-me ajudado a tomar consciência das minhas inconsciências. Uma delas é a dificuldade que tenho em ver-me, ou em perceber como me vêem os outros (ainda não me é claro o quanto destas realidades está sobreposto). Creio que já tinha falado nisso uma vez, no outro blog: em como eu não me via gorda, ou em como não "via" que os outros me vêem como tal. Talvez as pessoas com menores dificuldades a este nível tenham, por sua vez, maior facilidade em controlar o que comem, porque reagem mais eficazmente à pressão do olhar que percebem do Outro. Na última sessão, foi abordada, muito ao de leve, a relação entre o comer e o preencher de vazios.
O único senão é que estas sessões me são muito dolorosas; passo-as todas a chorar.
Ainda que o processo esteja no início, parece-me verdadeiramente recomendável. E não tem de custar uma fortuna: pago apenas 4,30 por sessão, no Hospital Júlio de Matos (que, convém ressalvar, tem profissionais que trabalham várias áreas da saúde mental, e não apenas com "malucos").

domingo, 4 de novembro de 2007

A luta continua, isto é, o amor continua.

Não tenho escrito muito neste blog, é verdade. Talvez seja bom explicar que ganho a vida a escrever, pelo que, o mais das vezes, já não me sobra paciência, ao fim dos dias ou das noites, para vir aqui alinhar mais letras sobre letras.
E, depois, percebi há muito, não sem alguma pena, que esta coisa da solidariedade bloguística funciona muito mais intensamente quando se alcançam vitórias do que quando se acumulam derrotas... E eu não tenho tido grandes vitórias para alardear.
Não significa isto que tenha desistido do meu amor difícil com o meu corpo. Muito longe disso. Com todas as minhas dificuldades e todos os equívocos que mantenho com a comida, continuo a trabalhar para que esta história de amor controverso tenha um final feliz. Por exemplo, comecei a fazer terapia, o que é um processo doloroso e previsivelmente longo, que não dará frutos para já. Mas não deixa de ser interessante este exercício de nos deixarmos ver de perto por uma desconhecida (a terapeuta psicóloga). Vamos ver que coisas desconhecidas conseguirá ela tornar visíveis.

Colecção Berardo.





Na sexta-feira passada, passei enfim pela Colecção Berardo, no CCB, como se testemunha.
É caso para dizer: tanto barulho por quase nada.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Os blogs privados.

Não gosto da ideia de blogs privados, já o tinha dito antes. Considero-os a antítese do espírito da Internet, ainda que isto possa ser um complexo de esquerda. O mais das vezes e mesmo que não tenha nada a ver com isso, não percebo sequer qual é o propósito de serem privados.
A provar que há razões para a minha antipatia por esta moda está o facto de querer entrar em contacto com a Cláudia CVA, que me deixou uma mensagem, e não ter forma de fazê-lo. O anúncio automático, à entrada da fortaleza, sugere-me que a contacte a pedir autrorização de acesso... mas não me faculta qualquer forma de a contactar. Se alguém a conhecer, peça-lhe para entrar em contacto comigo, SFF. Obrigada.
E viva a liberdade!, inclusive a de entrar e sair dos blogs alheios.

O que conta são as calorias que se consomem, não as que se gastam. IUPI!!

Boas notícias (trazidas pela Su) para quem não é fã dos ginásios e quer emagrecer.


Don't Blame the Escalator

Today kicks off a week from NAASO (The Obesity Society) as I'm writing from New Orleans where they're having their annual scientific assembly.

Every year I come to this conference I'm amazed at the incredible amounts of brains and passion that are being poured into obesity research worldwide. The conference is enormous and boasts over 2,000 attendees from the four corners of the world.This week I'm going to try to highlight some of what I feel are among the conferences most interesting presentations and studies.

The first takes us to Nigeria - rural Nigeria in fact, where Lara Dugas and her colleagues went to study the effects of the energy expended in daily activity on weight gain. They followed 153 rural Nigerian women (over 20% of them subsistence farmers) and measured their total daily energy expenditures (the total calories they burned all day long), their resting daily energy expenditures (the calories they burn at rest) and then inferred the calories they burned through daily activity.

They then compared the data from rural Nigeria with the same data taken from a group of women from urban Chicago (where over 50% of them were unemployed).They then followed these women for 3 years.

Some of the results were not surprising.The Nigerians were much lighter - average weight was 128lbs and BMI of 23.1 vs. those from urban Chicago where average weight was 184lbs and BMI of 31.Here's the surprising result.Calories burned through daily activity did not differ between the skinny rural Nigerian subsistence farmers and the obese unemployed urban Chicagoans.

Come again? The subsistence farmers and the unemployed urbanites burned the same number of daily Calories in activity? Haven't we been blaming obesity at least partially on the poison fruits of development? Aren't dish washers, escalators, cars, and elevators stealing our Calories away from us? Shouldn't the skinny Nigerian farmers be burning far more Calories? Isn't that part of why they're so skinny?I sure would have thought so - and from the reactions in the room, so did most other folks.

Second non-surprising result?No measure of energy expenditure, not resting, total or that from activity, was associated with weight change in either group over the 3 years and in fact, the rate of change in body weight over the 3 years was virtually identical in Nigeria and Chicago.Why isn't that surprising? What that result says is that the Calories you burn don't dictate your weight and that instead what dictates your weight are the Calories you consume. The only surprise here is the fact that rate of weight gain is the same in rural Nigeria vs. urban Chicago where one might have thought greater access to high Calorie foods would have led to a dramatically more rapid gain in Chicago (though I should note, the Chicagoans had higher total energy expenditures as a consequence of their higher weights and consequently for them to gain weight at the same rate as the Nigerians does in fact necessitate eating more, just not tons more).

So if you take these results as valid (and it really was a very well designed study), they basically conclude that the environment as it pertains to activity, doesn't matter, that you can't blame the escalators, and shocker of all shockers (there's the sarcasm), energy intake matters far more than energy output in the establishment of obesity.


http://bmimedical.blogspot.com/

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Hum...

A imagem chama-se "Waiting for rain"

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Grata.

Agradeço todos os comentários que me têm deixado. Leio-vos sempre com muita atenção e considero seriamente as pistas e as sugestões que aqui vão deixando.

Alentejo, onde tenho raízes.

Dos químicos.

Quando fui de férias, no final de Agosto, parei com a toma do Cymbalta. Não sei bem o que esperava provar a mim mesma, mas sei o que acabei por perceber. A verdade é que, de início, como até estava de férias, para lá e para cá, não notei grande diferença. Mas, a partir do meio de Setembro, as velhas compulsões alimentares foram-se reinstalando. Primeiro, discretamente. Depois, à descarada. Isto serviu ao menos para eu perceber, claramente percebido (como se ainda o não tivesse sido), que tenho um problema... que os químicos podem ajudar a controlar.
Reiniciei, pois, o Cymbalta há uma semana. O meu apetite desceu em flecha. É bom poder voltar a olhar para um pão de Mafra com alguma indiferença. Mas também é verdade que, ao longo do tempo em que tomei o Cymbalta, em Julho-Agosto, fui progressivamente notando uma espécia de habituação. Ou seja, os meus descontrolos compulsivos, ainda que mais moderados, foram aumentando à medida que o corpo se ia 'habituando' aos químicos. Será o Cymbalta capaz de me ajudar a prazo?
De qualquer forma, inscrevi-me na consulta de Obesidade da Isabel do Carmo, no Hospital de Santa Maria. Sem data marcada, apenas com a informação de que "é demorado".

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Longe da vista, longe das tentações.

Viram a notícia, que veio nos jornais, de um estudo em que se conclui que é mais difícil resistir à comida depois de a termos visto...? Ou, se preferirem, que é mais fácil resistir à comida se não a virmos. Ou seja, más notícias para quem tem crianças e é obrigado a ter em casa alimentos proibidos de ver...

Adeus luta, olá amor!


Bem-vindos à minha nova morada!
Como se adivinha, esta mudança de endereço significa mais do que uma alteração de superfície. Ela pretende simbolizar o arranque de uma campanha pessoal, mais baseada na construção (da auto-estima, antes de mais) do que na desconstrução cega projectada no corpo.
Para alguns, esta mudança de perspectiva poderá ser ilegível; mas, para outros, estas meias palavras serão suficientes para sinalizar a deriva - creio que é para eles que escrevo. Como se diz no final, poucos, mas os melhores.
Sem mais, um abraço virtual,
Zen



Poucos, mas os melhores:

Sobre mim

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